Estudo demonstra que luminosidade visível pode causar lesões na pele e aponta para necessidade de fotoproteção mesmo em ambientes fechados.
Usar apenas o filtro solar ao expor-se ao sol não é mais suficiente para manter a saúde da pele. É o que mostra um estudo realizado pelo Departamento de Dermatologia do hospital Henry Ford Medical Center, nos Estados Unidos, publicado recentemente na revista científica Photochemistry and Photobiology e apresentado no último simpósio da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional São Paulo (SBD-SP). O estudo demonstrou que a luz visível do sol, e não apenas a radiação ultravioleta, também aumenta os riscos de manchas solares, queimaduras e fotoenvelhecimento da pele. “A ciência sempre deu muita atenção para a radiação ultravioleta e seus efeitos maléficos e menos atenção aos efeitos danosos da luz visível. Esse estudo aponta para a necessidade de uma proteção solar mais completa, que pode ser feita com o uso de bonés, chapéus, roupas e filtros solares opacos durante todo o ano, mesmo em ambientes fechados, mas com alta luminosidade (como lojas e escritórios, por exemplo)”, explica o Dr. Sérgio Schalka, dermatologista membro e diretor da SBD-SP.
A luz visível é a parte dos raios solares perceptível pelo ser humano, pois é capaz de estimular a retina (todo o resto do espectro é invisível). A luz visível representa cerca de 40 a 45% do total de radiação que recebemos do sol (sem contar fontes artificiais, como as lâmpadas), enquanto a radiação ultravioleta representa de 5 a 10% e a radiação infravermelha, 50%.
O estudo comparou o impacto dos raios UVA e da luz visível na pigmentação da pele, usando uma máquina chamada monocromador, que irradia comprimentos específicos de onda, separando os raios UV e a luz visível. Os pesquisadores observaram que a duração dos pigmentos causados pela luz visível é muito maior que os causados pelos raios UVA. O primeiro leva algumas semanas para desaparecer e o segundo, 24 horas.
“A participação da luz visível já está mais estabelecida no processo de pigmentação (bronzeamento) da pele, e, consequentemente do processo de hiperpigmentação (manchas). Com isso, podemos dizer que a luz visível influencia o aparecimento de manchas como o melasma, as melanoses solares (manchas marrons comuns nas mãos e faces e normalmente chamadas de manchas senis), manchas após procedimentos dermatológicos (hipercromias residuais), manchas em cicatrizes de acne, etc”, diz o Dr. Sérgio Schalka.
A pesquisa também verificou que a evolução no aparecimento das manchas é diferente no caso da luz visível: marrom, enquanto que a cor das manchas provocadas pelos raios UVA é inicialmente cinza e, depois de 24 horas, marrom. A luz visível provocou ainda eritema solar (vermelhidão) ao redor, enquanto que os raios UVA, não. “Apesar de ser bem menos eritematogênico que os raios UVB e UVA, a luz visível pode também causar eritema pelo processo de vasodilatação dos capilares”, explica o médico.
Estudos mostram que a luz UV é responsável por 2/3 do dano oxidativo e a luz visível por cerca de 1/3 da produção de radicais livres, que tem evidente influência no processo de envelhecimento cutâneo.
Algumas doenças cutâneas também podem ser causadas, ao menos parcialmente, pela ação da luz visível. São elas: urticária solar, dermatite actínica crônica, porfíria e fototoxicidade. “Apesar de menos freqüentes, essas doenças podem causar enorme desconforto aos pacientes”, comenta o dermatologista.
Desta forma, segundo o médico, torna-se imprescindível a proteção solar completa, em todas as épocas do ano. “Essa é a maior dificuldade, pois atualmente, pelos conhecimentos que temos, para se proteger da luz visível com fotoprotetores só é possível se a refletirmos e isso só ocorre se a substância for visível, ou seja, se ela for opaca. Os filtros inorgânicos (físicos) como o Dióxido de titânio e o óxido de zinco são os únicos capazes de dar proteção na faixa da luz visível, com o inconveniente de não serem transparentes, o que deixa a pele com a coloração branca”.
Para reduzir este inconveniente a indústria partiu para a produção de filtros físicos micronizados (pequenas partículas), que transforma estes filtros em invisíveis, porém com conseqüente redução da proteção na faixa visível. Assim, para a proteção na faixa da luz visível, a solução apresentada no momento é o uso de protetores solares opacos em forma de base, o que agrada às pacientes, pois, além de protegerem, também se prestam como maquiagem corretiva.
Assim, a orientação dada pela SBD-SP para a prevenção e tratamento de doenças relacionadas ao sol, em particular das manchas solares, é o uso de protetores solares opacos (em forma de base), durante todo o ano, mesmo em ambientes fechados, mas com alta luminosidade (como lojas e escritórios, por exemplo). Além disso, recomendamos o uso de formas adicionais de proteção solar, como chapéus e roupas.
Fonte: Raízes Comunicação