No último dia 13 de fevereiro, uma residência localizada em Belo Horizonte, passou a gerar pelo menos 50% da energia necessária para o seu funcionamento. A tecnologia utilizada, mais conhecida por geração fotovoltaica, é pouco usual em nosso país devido a falta de uma política energética consistente que privilegie ações em prol do meio ambiente.
Este sistema é muito comum nos Estados Unidos e na Europa e ganha mercado na China, Cingapura, Austrália e Índia onde os governantes já perceberam que a geração de energia tradicional está no limite de fornecimento.
No Brasil a geração de energia é proveniente da força das águas que são represadas em grandes lagos mas quando o assunto são fontes alternativas ainda estamos caminhando a “passos de tartaruga”. Algumas universidades e concessionárias têm feito projetos considerados tímidos, quando comparados com outros países.
Para se ter uma idéia, na Alemanha o incentivo parte do governo que obriga as concessionárias a comprarem toda energia elétrica de fontes alternativas produzida por empresas e residências. E o valor desta compra é superior ao praticado pelas concessionárias que fornecem energia elétrica.
Esta política agressiva proporcionou ao país um “boom” de crescimento em energia fotovoltaica com milhares de residências instalando módulos solares. Lá, já existe cerca de 10 GW (Gigawatts) de capacidade de energia solar instalada. No Brasil, este número ronda a casa dos 20 MW (Megawatts), ou seja 500 vezes menor.
Além deste incremento energético, outros ganhos secundários também são impactantes nos resultados da economia dos países tais como a geração de milhares de novos empregos, a redução da emissão de CO2 na atmosfera e a vinculação, pelas empresas, de uma imagem verde.
Em países como a Índia onde não existem muitas empresas do setor solar, o governo encontrou outras maneiras de incentivar a tecnologia verde, sendo a mais importante a eliminação de impostos e taxas para importação de equipamentos. Com esta política o país esta conseguindo manter o fornecimento energético com menos poluição e agressões ao meio ambiente.
No Brasil, que não fabrica placas fotovoltaicas, qualquer importação é taxada em quase 80% do valor do equipamento, devido aos costumeiros impostos, taxas, custos de transportes, despachantes, dentre outros, encarecendo qualquer ação em prol do meio ambiente. Acredita-se que, mais cedo ou mais tarde, o governo vai perceber que o sol tão abundante no país é nosso aliado na guerra contra a falta de energia elétrica que novamente está nos rondando. Lembram-se do “apagão” de 2002?
As placas transformam a luz solar em energia elétrica
Um novo projeto em BH
A empresa Eficiência Máxima Consultoria, de Belo Horizonte, especializada em projetos para redução de custos energéticos, projetou, importou e instalou um sistema fotovoltaico, composto de placas que captam a luz do sol e a transforma em energia elétrica, pronta para ser usada pelos eletrodomésticos, iluminação e outros equipamentos de uma residência.
O sistema fica instalado no telhado da casa e tem a capacidade de fornecer, continuamente, durante o dia, energia para suprir de 50% a 70% do consumo exigido. A energia “faltante” para outras cargas, ou a energia necessária no período noturno é produzida e fornecida pela Cemig.
A energia gerada é monitorada por sensores especiais que indicam a quantidade produzida em determinado instante, a temperatura ambiente, a temperatura dos painéis e a radiação solar do local. O mais interessante é que mesmo sem a presença do sol o sistema continua funcionando porque ele utiliza a radiação direta e difusa do sol, havendo geração até em dias nublados, o que desmistifica o fato de se pensar que ocorre geração somente em “céu aberto”.
Este sistema é um dos pioneiros em residências no Brasil e o primeiro na Grande BH. Ele poderá ser alvo de estudos por parte da comunidade científica, inclusive de outros países porque está instalado em uma área de condições geográficas e atmosféricas consideradas ideais. Minas Gerais é conhecida como o berço da energia solar para aquecimento de água do Brasil e pretende ser referência mundial em energia solar fotovoltaica.
Com os dados de medição as universidades de Belo Horizonte que forem convidadas para acompanhar o monitoramento do sistema, poderão conhecer em detalhes o comportamento e os resultados desta geração.
No mesmo local, outros sensores irão avaliar os consumos individuais de cada eletrodoméstico, examinarão as condições atmosféricas que influenciam no rendimento da geração e um avançado sistema de monitoramento móvel que também está sendo desenvolvido pela Eficiência Máxima Consultoria, utilizando “smartphones”.
Esta nova modalidade possibilitará aos moradores da residência e aos técnicos envolvidos no projeto, o acompanhamento, em tempo real de qualquer lugar que tenha sinal telefônico, o comportamento da geração e da utilização de energia mesmo sem ter um computador à mão. Este diferencial é fundamental para que os usuários tenham sempre disponível a quantidade de energia que está sendo gerada e utilizada podendo, inclusive interferir à distância em determinadas cargas quando o valor do consumo atingir limites pré-definidos.
O que é um sistema fotovoltaico?
Uma das utilizações da luz do sol é a produção de energia elétrica. Essa energia é chamada de “solar fotovoltaica”. É produzida pela conversão da luz solar em energia elétrica através do uso de módulos fotovoltaicos ou painéis fotovoltaicos que são interligados entre si.
A eletricidade gerada é em corrente contínua que precisa ser convertida em corrente alternada, por um equipamento denominado inversor de freqüência (foto acima), para que possa ser utilizada pela maioria dos aparelhos elétricos de nosso dia-a-dia que operam em corrente alternada.
Estes geradores solares são normalmente instalados em telhados de casas e topos de edifícios, podem também ser montados no solo e em fachadas, integrados a arquitetura das mais variadas formas.
Os primeiros resultados
A instalação deste sistema foi finalizada no dia 13 de fevereiro e após uma semana de testes passou a registrar a quantidade de energia produzida que, até agora, é equivalente a 70% de todo o consumo da residência.
Os moradores da residência foram orientados para utilizarem os eletrodomésticos que mais consomem energia (máquinas de lavar roupa e prato, secador de roupa, chuveiros, etc) entre 10 e 17 hs porque neste período o sistema fotovoltaico fornecerá a maior parte da energia.
Acompanhe o sistema em tempo real: