O setor ferroviário é pródigo em exemplos de pró-atividade ambiental.
É, assim, totalmente amigável ao meio ambiente. As emissões de gases e particulados provenientes de seus sistemas situam-se entre as mais baixas dentre os vários modos de transporte.
As concessionárias ferroviárias de carga e de passageiros utilizam-se de tecnologia de ponta, nos veículos, em suas vias e nos centros de controle operacional, para atingirem cada vez mais eficiência energética, que lhes garanta a eficácia no transporte, com maior escala de volume, aliando produtividade e competitividade.
Por sua vez, a indústria ferroviária, global e nacional, empreende todos os seus esforços para oferecer às concessionárias equipamentos e sistemas projetados e fabricados com a mais elevada e atualizada tecnologia. Vamos aos diversos exemplos.
Na área de passageiros, os carros de metrô, de superfície, monotrilho e VLT contam com sistemas de tração elétrica, gerada usualmente através de motores assíncronos de corrente alternada, cuja energia é obtida pela regeneração vinda do sistema de frenagem do veículo, proporcionando significativa redução no consumo de energia, principal item de custo das operadoras. Outros tipos de veículos, com diferentes sistemas de tração, como a pneumática no caso dos aeromóveis ou a diesel-hidráulica, que pode utilizar até 100% de biodiesel, no caso de VLT, são também classificados como não poluentes. Já a fronteira tecnológica, na questão da tração, é a utilização do hidrogênio em Trens Regionais e VLT, em uso corrente na Europa.
A sinalização da via permanente, além de conferir a segurança essencial no transporte de carga e de passageiros, é um elemento energético positivo, do ponto de vista de seu resultado operacional, proporcionando operações em carrossel, que reduzem o consumo de energia do sistema.
“…o setor ferroviário é um aliado do meio ambiente e pronto para contribuir com as políticas globais de redução significativa e permanente de emissões de poluentes no planeta.”
A digitalização no setor é outro tema importante que leva à eficiência energética, com tecnologia embarcada nos trens de passageiros, nas locomotivas e nas estações.
Na área de carga, vários também são os exemplos. Locomotivas 100% elétricas movidas a bateria, que são carregadas pelo próprio freio dinâmico da locomotiva e já se encontram em fase final de testes nos EUA. Um exemplo nacional é a locomotiva 100% elétrica para uso em pátios, fabricada aqui, e já em teste no cliente. As locomotivas atuais, diesel-elétricas, também contribuem com a redução do consumo de combustível, ao serem equipadas com motores de corrente alternada, que permitem a adição de biodiesel e de gás natural liquefeito no diesel convencional.
Os vagões de carga também entraram, definitivamente, na era do avanço tecnológico. São projetados utilizando-se técnicas avançadas de sofisticados programas, como o Vampire, em que são verificadas as condições de interação da estrutura do vagão com os truques e destes com o trilho, numa avaliação que leva em conta a situação real da via permanente. Até testes em túnel de vento têm sido utilizados, para verificar a estabilidade do vagão com elevado centro de gravidade, além de questões aerodinâmicas para diminuir a resistência ao ar. Todas estas iniciativas promovem a redução do consumo de combustível, reduzem o desgaste de componentes e aumentam a carga útil do vagão, principalmente pela redução de seu peso. A redução do peso é fator também importante no retorno do vagão vazio, que consome menos combustível para ser tracionado. Muito embora hoje, cada vez mais, as concessionárias estão conseguindo transportar os vagões carregados nos dois sentidos, também uma forma de aumentar a eficiência energética.
Podemos considerar, em suma, que o setor ferroviário é um aliado do meio ambiente e pronto para contribuir com as políticas globais de redução significativa e permanente de emissões de poluentes no planeta.
* Vicente Abate – Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER).
Fonte: O Debate