Os primeiros testes foram feitos durante cinco anos em lares brasileiros.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Luxemburgo desenvolveu um algoritmo que se aproveita dos dados coletados dos medidores de eletricidade para detectar os chamados “gatos” de energia, além de outras anormalidades.
Para comprovar a funcionalidade, eles colocaram o sistema de inteligência artificial para trabalhar com informações compiladas a partir da averiguação de 3,6 milhões de famílias brasileiras ao longo de cinco anos. Nesse período, o algoritmo conseguiu revelar irregularidades em 65% dos casos, revelando-se mais eficaz que outras ferramentas com a mesma funcionalidade, segundo revela a equipe de pesquisa.
Na prática, o algoritmo, depois de verificar a atividade da rede elétrica, alerta quando o uso de energia em determinada propriedade está abaixo do normal. Como os pesquisadores tiveram acesso aos dados de inspeções passadas, eles poderiam determinar se as anormalidades encontradas são causadas por fraude ou simplesmente por erros da tecnologia.
Além de ajudar a identificar anormalidades, o sistema de algoritmos auxilia nas inspeções físicas, que custam tempo e dinheiro às companhias, além de ser um trabalho perigoso, principalmente nas favelas brasileiras, onde a rede de eletricidade apresenta níveis bem vulneráveis, aponta Adrian Grilli, especialista inglês em energia elétrica.
Comprovada a eficácia da invenção, a empresa de energia Choice Technologies pretende incorporar o software para ser usado em outros países da América Latina, informa a revista New Scientist.
O Brasil foi escolhido como local para testes pelos altos índices de roubo de energia, ou, como é popularmente conhecido por aqui, os “gatos” da rede elétrica. Recentemente, a Eletrobras afirmou que 22% de sua energia gerada no País é perdida por roubos. No final das contas, quem sai no prejuízo é o contribuinte honesto, que acaba pagando mais na conta mensal.
No entanto, não é só o Brasil que sofre com esse problema. No Reino Unido, por exemplo, estima-se que essa atividade ilegal cause perdas que chegam a até 440 libras por ano (cerca de R$ 1.800.000). Na Nigéria, o desperdício por conta da ilegalidade chega a representar 40% da energia gerada.
Fonte: O Debate